No dia 14 de novembro se comemora o Dia Mundial do Diabetes. A data reforça a importância de se prevenir contra a doença, que atinge milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Endocrinologista da Unimed Jaboticabal, Gisela Balbino Nogueira esclarece, na entrevista abaixo, diversas dúvidas sobre a doença, como sintomas, fatores de risco, tratamentos e, principalmente, como se prevenir do Diabetes. Confira.
Em novembro comemoramos o Dia Mundial do Diabetes. O que é o Diabetes e por que este dia foi criado?
Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou dificuldade de ação da insulina – hormônio que regula a glicose (açúcar) no sangue. O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, foi criado em 1991 pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) para conscientizar o mundo inteiro sobre os problemas que a doença causa: alta mortalidade por doenças cardiovasculares (infartos e insuficiência cardíaca), AVC (acidente vascular cerebral – derrame), e complicações específicas da doença, como insuficiência renal, perda da visão e amputações de membros.
O diabetes é muito comum na população?
Cerca de 13 milhões de pessoas no Brasil têm Diabetes, e o país ocupa a 4ª posição no ranking mundial. Entre 2006 e 2017, segundo o Ministério da Saúde, houve um aumento de 54% de casos entre os homens e 28% entre as mulheres, principalmente em pessoas com mais de 65 anos (fonte: Ministério da Saúde).
Quais são os principais fatores de risco para o diabetes?
Os principais fatores de risco são: idade acima de 45 anos, história familiar, obesidade, sedentarismo e alto consumo de açucares e carboidratos. Outros fatores relacionados são:
– Diagnóstico de pré-diabetes;
– Hipertensão;
– Elevação do nível de colesterol e triglicerídeos no sangue (Dislipidemia);
– Mulheres com recém-nascidos acima de 4kg;
– Antecedente de Diabetes gestacional;
– Síndrome de ovários policísticos;
– Apneia do sono;
– Uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.
Quais são os tipos de diabetes?
Diabetes tipo 1 e tipo 2 e Diabetes Gestacional são os tipos existentes da doença.
O Diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos jovens também. Nesses casos, é necessário administrar insulina diariamente para regular a quantidade de glicose no sangue. A causa desse tipo da doença ainda é desconhecida.
O Diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. A causa do diabetes tipo 2 está diretamente relacionado ao sobrepeso, sedentarismo e hábitos alimentares inadequados.
O diabetes gestacional ocorre temporariamente durante a gravidez. Toda gestante deve fazer o exame de diabetes, regularmente, durante o pré-natal. Esse tipo de diabetes afeta de 2 a 4% de todas as gestantes e implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes.
O que é Pré-Diabetes? Eu devo me preocupar com este diagnostico?
Pré-Diabetes é quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não estão elevados o suficiente para caracterizar a doença. É um sinal de alerta, que normalmente aparece em pessoas obesas, hipertensos, pessoas com alterações de colesterol e trigliceridios e pacientes com história familiar de Diabetes.
Nesses casos, é importante o tratamento por ser a única etapa do Diabetes que ainda pode ser revertida, prevenindo a evolução da doença. A mudança de hábito alimentar e a prática de exercícios são os principais fatores de sucesso para o controle.
Porém, atualmente, o uso de medicação na grande maioria dos casos é fundamental e deve ser introduzida o mais precocemente possível para tentativa de reversão desse quadro.
Quais os principais sintomas do diabetes?
Em geral, os principais sintomas do diabete são: perda de peso, sede excessiva e aumento da frequência urinária (várias vezes ao dia).
Outros sintomas podem ser:
- Fome frequente;
- Fraqueza;
- Náusea e vômito.
- Feridas que demoram a cicatrizar;
- Visão embaçada.
Qual é o tratamento para o diabetes?
Há uma vasta opção de medicamentos e vários tipos de insulina, que são indicados caso a caso. Para os pacientes com Diabetes tipo 1, desde o início é utilizada a Insulina. Já para os pacientes do tipo 2, na maioria das vezes a medicação oral consegue atingir um bom controle, podendo evoluir para a necessidade de insulina, em média, após 10 anos de diabetes.
Quais as principais complicações do diabetes?
O diabetes, quando não tratado corretamente, pode evoluir para complicações como:
- Neuropatia diabética: doença que acomete os nervos. Seu tipo mais comum chama-se neuropatia periférica, que afeta braços e pernas. Por causar falta de sensibilidade nos pés, há mais chance de lesões nos membros que, se não tratadas corretamente, podem levar a amputação. Entre os principais sintomas estão: dormência, dor, fraqueza e sensação de formigamento nas mãos, braços, pés e pernas.
- Doença macrovascular: a essa doença estão associadas as complicações dos grandes vasos da circulação, como angina, infarto e AVC. A doença cardíaca é a principal causa de morte relacionada ao Diabetes. Pesquisas mostram que adultos diabéticos apresentam taxa de mortalidade relacionadas a doenças cardíacas de duas a quatro vezes maior do que adultos sem a doença. O risco de acidente vascular cerebral (AVC) também é maior na mesma proporção para portadores de diabetes.
- Doença microvascular: o excesso de glicose no sangue também pode lesionar os pequenos vasos, reduzindo a circulação de sangue para pele (manchas marrons nas pernas) nos olhos (retinopatia, levando à cegueira) e nos rins (insuficiência renal com necessidade de diálise).
Qual a meta de bom controle da doença?
Pacientes devem manter a glicemia de jejum abaixo de 100mg/dl, a glicemia pós-prandial (duas horas após a refeição) abaixo de 140mg/dl e a Hemoglobina glicada (média do valor da glicose no sangue num período de 3 meses) abaixo de 7%. É importante ressaltar que a pressão arterial, o colesterol e o triglicérides também devem estar controlados.
Como prevenir o Diabetes?
A melhor forma de prevenir o diabetes é a prática de hábitos saudáveis, como ter uma alimentação balanceada, praticar atividade física regularmente, manter peso corporal saudável e evitar fumar.
A campanha deste ano é sobre o Diabetes e família. Qual o papel da família nesses casos?
Pelo segundo ano consecutivo a campanha vem mostrar como o diagnóstico do Diabetes influencia a vida de toda a família. É necessário educar a todos. Os familiares precisam acompanhar os pacientes nas consultas, colaborar com a alimentação saudável, incentivar a atividade física e, muitas vezes, participar juntos. É necessário a orientação de que atitude tomar na vigência de uma hipoglicemia (queda dos níveis de glicose/açúcar), saber quando é necessário levar o paciente a um pronto socorro se a glicemia estiver muito alta, manusear o aparelho de glicosimetro (aparelho que mede o valor da glicose), aprender aplicar a insulina, verificar se as medicações estão sendo tomadas corretamente, entre outras ações. A família precisa participar e é parte fundamental no tratamento e bom controle da doença.